O volante Rincón corre o risco de ser suspenso por 30 a 90 dias, se não voltar a atuar pelo Corinthians, e o Santos pode ficar impedido de disputar competições oficiais, se insistir em manter o atleta no clube. Essas penas estão previstas no Código Brasileiro Disciplinar de Futebol (CBDF) e, numa análise preliminar de dirigentes da Confederação Brasileira de Futebol, poderiam ser aplicadas nos próximos dias ao colombiano e ao clube da Vila Belmiro.
O advogado do Corinthians no Rio, o jurista Valed Perry, confirmou hoje à noite que o clube enviou a documentação de Rincón à Fifa e a Comissão de Estatuto dos Jogadores da entidade vai avaliar a gravidade da atitude do atleta. "A comissão vai dizer se ele foi ético ou não." O Corinthians remeteu os documentos à Fifa, por meio da CBF.
De acordo com o vice-presidente jurídico da CBF, Carlos Eugênio Lopes, a entidade, até a noite de hoje, ainda não havia analisado "a fundo" a documentação de Rincón. Ele disse, porém, que a situação do atleta, a princípio, não era cômoda. Um outro diretor da CBF deixou escapar que o caso da transferência de Rincón do Corinthians para o Santos vai ser mesmo decidido pela Fifa, para evitar que a CBF se desgaste com uma das duas principais equipes do futebol brasileiro.
Lopes contou que Rincón, nos registros da CBF, tem contrato a cumprir com o Corinthians até 31 de dezembro deste ano e não poderia rescindir seu contrato sem que houvesse acordo com o clube. "A outra situação prevista para a rescisão seria o da inadimplência do clube, o que não parece ser o caso", declarou. "As leis esportivas não prevêem outras possibilidades de rescisão", acrescentou. "A meu ver, o que houve foi quebra de contrato", continuou Lopes.
O dirigente da CBF afirmou ainda que o colombiano recebera em torno de U$S 450 mil e um Tempra do Corinthians, como adiantamento para a prorrogação de seu contrato. "Se essa moda pegar, vai abrir um precedente grave e aí vai ser uma bagunça", disse Lopes, referindo-se à decisão do jogador.
A CBF também vai ocupar-se, ainda esta semana, em tentar cassar liminar, concedida pelo juiz Benedito Valentini, da 36ª Vara do Trabalho da 2ª Região do Tribunal Regional do Trabalho, de São Paulo, que permite a Rincón legalizar sua transferência. "Isso tudo vai acabar na Justiça comum", disse Valed Perry.
Silvio Barsetti
